O turismo comunitário como atividade transformadora

Tradução: Clara Carybé

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Turismo comunitário é um termo que tenho ouvido nos últimos anos e ao qual, desde 2018, comecei a me dedicar com maior determinação. Entretanto, acho que ele sempre existiu. 

Desde que me conheço por gente, viajava com minha família para Michoacán, porque meu avô era de lá. Conviver com os meus tios e primos era sempre conhecer as paisagens naturais ao redor da aldeia de Tangancicíaro, entre eles o lago de Caméquaro, o vale das Onze Aldeias, ou simplesmente andar pelas terras de meu tio Goyo.

Essas práticas fizeram com que a gente consumisse as iguarias locais como a birria de Daniel consumida nos portais, bandejas de frutas picadas de Kiko, e o que dizer do atole de grãos da vizinha de minha bisavó?

Você provavelmente vai dizer que estas são práticas comuns em qualquer viagem. A questão é que, quando realizamos essas mesmas ações de forma consciente e temos a conexão como objetivo além da simples visita aos locais ou apenas o consumo de qualquer produto, uma transformação acontece. 

O turismo comunitário é responsável pelo detalhe da conexão que leva a experiência mais longe, pois a viagem assume maior importância ao se interagir com as pessoas a um nível muito mais profundo, ao verdadeiramente envolver o viajante nos costumes do lugar, ao viver a natureza com maior consciência, aprendendo com as histórias daqueles que estão lá todos os dias.

Não julgo nem critico as práticas do turismo convencional, em que podemos desfrutar de um tempo de descanso em algum resort de luxo. Cada um viaja conforme seu gosto e comodidade ou, simplesmente, naquele momento, é o que se necessita ou deseja.

No entanto, o turismo comunitário oferece essa magia, em que uma obra de artesanato está cheia de histórias de uma família e nós nos tornamos parte dela; um prato partilhado com a sua autora é uma alegria para o coração como um caldinho de mãe.

Fazer turismo comunitário é precisamente isso, sair do convencional para ter uma experiência que se instala no coração, tanto do viajante como do anfitrião. É essa conexão que transforma tudo a partir do amor.

Hoje em dia, o turismo comunitário tem a capacidade de transformar o nosso ambiente num mundo mais simpático, justo e respeitoso, resgatando a importância das nossas comunidades de acolhimento; um lugar que sempre tiveram, mas que raramente se dava atenção.